As atividades oferecidas aos residentes da União são fundamentais para o bem-estar psicossocial e promovem diversos benefícios. Elas combatem o isolamento social, estimulam a mente e melhoram a autoestima, contribuindo para um envelhecimento mais saudável e digno.
Rotina e estrutura: o valor da previsibilidade
É de suma importância oferecer aos residentes uma rotina estruturada, com uma programação de atividades e atendimentos realizados por diversos profissionais e voluntários, em dias e horários fixos.
Essa organização ajuda a estruturar o dia, além de fornecer ordem e previsibilidade, contribuindo diretamente para a qualidade de vida. O sentimento de acolhimento, de significado e importância é assimilado por eles.
O olhar da psicologia no envelhecimento institucional
Como psicóloga, o meu olhar clínico para o envelhecer numa ILPI sempre esteve pautado, além do suporte emocional individual, no desenvolvimento de atividades terapêuticas em grupo.
Esses grupos são formados por pessoas desconhecidas que passam a residir no mesmo lugar: pessoas idosas singulares, com histórias, vivências e condições de saúde distintas.
A criação de laços afetivos, o combate ao isolamento e o fortalecimento do sentimento de pertencimento são essenciais para a saúde mental e para as relações interpessoais de todos envolvidos.
A força do grupo terapêutico
O grupo é um espaço ímpar para a assimilação de novas atitudes, favorecendo mudanças rápidas e eficientes. O grupo informa, esclarece, reorganiza, apoia e melhora o relacionamento interpessoal.
Nesse contexto, compartilhar faz descobrir identificações. Embora o grupo seja um espaço de interação e comunicação, não são apenas as características sociais que se desenvolvem.
Nele, os residentes podem tomar consciência de seus traços mais individuais, de seus medos e sentimentos, de suas preferências e de seu papel dentro e fora do grupo.
A construção contínua das atividades
A interação entre os residentes em todas as atividades terapêuticas é o pano de fundo para novos rumos e ideias.
A programação semanal e o surgimento de novas propostas surgem da minha percepção clínica e do feedback deles. Cada época e cada grupo de residentes que vivem na União determinam o formato das atividades, de acordo com suas ideias e necessidades.
Minhas inquietações e busca constante por conhecimento são propulsoras de aprimoramento e criatividade na grade de atividades propostas.
Terapia em grupo e consciência de si
No grupo terapêutico, os temas abordados e discutidos pelos participantes promovem o pensar, o refletir sobre suas vivências passadas e o momento atual.
Essas reflexões podem inspirar práticas sociais, culturais e promotoras de bem-estar, abrindo espaço para novas possibilidades de viver.
É trazer a presença consciente de ser, estar e fazer nessa etapa do ciclo vital de cada pessoa idosa institucionalizada.
O brincar como forma de vida
O amadurecimento humano é um movimento contínuo de integração entre sentir, pensar e agir.
A Gincana do Lar, por exemplo, é uma atividade terapêutica em que o brincar é vivenciado como um estado de presença criativa, essencial para os nossos residentes.
Não se trata de uma infantilidade, mas da possibilidade permanente de manter-se vivo, criativo e autêntico nas relações com o mundo e consigo mesmo.
Em todos os nossos encontros em grupo, o brincar, o humor, o se desenvolver, o aprender e o cantarolar estão ludicamente presentes.
Segundo Jean Piaget, a ludicidade é o berço das atividades intelectuais e do processo fundamental para o desenvolvimento cognitivo e social do ser humano.
Viver, criar, compartilhar
Nada melhor do que longeviver ativamente e criativamente todas as possibilidades, se percebendo ainda como protagonista de sua história, com alegria e com um sentimento de “quero mais”.
Finalizo esse texto como fazemos ao final de nossos encontros em grupo, com a promessa de um até já:
“Até amanhã, se Deus quiser, se não chover eu volto para te ver…”
Jorgete Botelho
Psicóloga do Lar União