A importância do apoio psicológico que antecede ao ingresso num Lar de Idosos

– Drª Jorgete de Almeida Botelho –

O que leva um idoso a decidir sair de sua casa e vir morar em uma instituição? Que situações propiciam essa mudança? Quem opta: o próprio idoso ou seus familiares? Qual instituição preenche mais ao perfil do idoso e as suas necessidades atuais?

Sabemos que essa decisão é uma etapa delicada para todos os envolvidos. Inúmeros sentimentos e emoções emergem nas relações familiares, merecendo uma orientação terapêutica eficaz. As visitas em algumas instituições se tornam necessárias para uma avaliação. Durante os primeiros contatos com os familiares, várias dúvidas e preconceitos vão se desfazendo. O conhecimento mútuo – do sistema familiar e do sistema da instituição – será essencial para a construção de uma relação de confiança e cuidados, que facilitará a adaptação do novo morador.

A decisão, muitas vezes, é feita pelos familiares, mas a concordância do idoso é essencial para nós. Alguns idosos decidem por conta própria se desfazer de sua casa. E, isso ocorre mediante o seu poder de escolha e a conscientização de seu declínio funcional . Outros são orientados pelos filhos, já que não possuem condições de viverem sozinhos.

O período que antecede o ingresso no Lar é importante para a assimilação da nova etapa de vida, e também para a arrumação de seu quarto. Nossa instituição – União Associação Beneficente Israelita – valoriza e reforça a importância de que a decoração de sua nova moradia seja realizada com seus móveis, seus porta-retratos e quadros. Alguns, chegam a comprar alguns móveis novos. Outros, fazem questão de trazer sua cama, sua poltrona favorita. Isso proporciona ao idoso um sentimento de familiaridade e um maior aconchego. Há aqueles que preferem utilizar a mobília já existente na instituição. Em todas as escolhas há um acolhimento e respeito pela maneira de ser de cada sistema familiar.

O tempo que levará para o ingresso do novo morador varia muito. A avaliação médica, psicológica, os acertos contratuais e o tempo emocional de assimilação são diferentes. Esse último, não pode ser medido em contagem numérica.

Gostaria de finalizar trazendo uma citação de uma grande escritora – Rachel Naomi Remen em seu livro As bênçãos do meu avô – que retrata bem a postura e a filosofia de toda nossa equipe profissional. “Amparar a vida no outro é, muitas vezes, algo complexo. Há momentos em que oferecemos nossa força e nossa proteção, mas a maior benção que podemos oferecer ao outro é a crença que temos em sua luta pela liberdade, a coragem de apoiá-lo e acompanhá-lo quando ele descobre por si mesmo a força que irá se tornar o seu refúgio e o alicerce de sua vida. Acho que acreditar numa pessoa num momento em que ela não consegue acreditar em si mesma tem uma importância toda especial. É a nossa crença nessa pessoa que vai se tornar o seu barco salva-vidas.”