Quando a vida muda de rumo

– Drª Jorgete de Almeida Botelho –

Uma crise política e econômica no Brasil. Uma má gestão do dinheiro público sendo descoberta a cada dia. O nome de uma empresa renomada e exemplo de austeridade exposta negativamente na mídia. Com ela, sendo diretamente atingidos todos os aposentados que fizeram parte do grande sonho de 1946 – com o slogan “O petróleo é nosso”. Sim, a “velha guarda” dos empregados da Petrobras se vê hoje tentando reerguer-se desses últimos acontecimentos, onde a perplexidade e a revolta se alternam. O sentimento de orgulho, de ter contribuído com o seu trabalho para o crescimento da empresa, ainda permanece vivo em seus corações. Como se não bastasse, veem seus rendimentos mensais serem atingidos pelo ajuste no plano PPSP da Petros.

E aí, o que fazer? Como lidar com o sentimento de injustiça e impotência? São perdas financeiras significativas e, de certa maneira, confiscadas injustamente. Ações judiciais são realizadas contra essas contribuições extras, mas nada ainda aplaca esse pesadelo.

Como seres humanos, nos deparamos com situações que fogem do nosso controle. Trilhamos, muitas vezes, nosso caminho cumprindo uma programação que levará a uma meta determinada e segura.

Contudo, as crises econômicas e políticas de um país, os desastres naturais, as perdas e mortes, os términos de relacionamentos, podem ocorrer em nossas vidas sem pedir licença e acabam nos tirando do rumo. Nesse momento, a vida nos lembra que nada é garantido. Vivemos a vulnerabilidade de ser-no-mundo. Tudo é transitório e passageiro. E tudo pode mudar.

A vida “pós-moderna” nos exige a todo instante se reinventar, se adaptar e mudar. Dizia o poeta Carlos
Drummond de Andrade, que no meio do caminho tinha uma pedra; tinha uma pedra no meio do caminho.

O grande diferencial é como lidamos e percebemos as perdas e as frustrações no decorrer de nossa trajetória e, ainda, obter aprendizado e ser criativo com ela. Sim, podemos aprender muito com as crises.

Com certeza meu caro leitor, sua indignação é legítima. Mas use sua raiva para o bem como Gandhi nos orientou. Segundo ele, é ela que nos dá energia para seguir em frente e chegar a um lugar melhor. Sem ela, não teríamos motivação para enfrentar os desafios da vida.

Utilize sua maturidade para avaliar, com calma e lucidez, os fatos da vida que você não tenha o controle.
Esgote todas as chances de reverter essa situação. Una-se aos demais colegas e recorra judicialmente até
a última instância. Não se deixe abater facilmente. Tente sempre! Como se diz, a esperança é a última que
morre. Lembre-se da mensagem de Santo Agostinho “a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e
a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”.

Além disso, é viável encontrar formas de ajustamentos criativos para lidar saudavelmente com o momento atual e tomar decisões necessárias. Sabemos que muitos aposentados ajudam financeiramente seus
filhos e netos. A partir de agora todos os familiares devem se unir e decidir o que pode ou não se manter.
Procure ajuda, caso sinta que a tristeza e a apatia persistem, chegando a prejudicar seu sono, sua saúde
física e a sua alma. O sofrimento emocional é o prolongamento de uma tristeza que não é compreendida. Converse com amigos, com seu médico e busque apoio emocional.

Reconhecer a necessidade de ajuda é reconhecer o humano que existe em nós. Clamamos sermos cuidados e reconhecidos em nossa existência e em nossa dor. Finalizo com uma reflexão do Gabriel, o Pensador, que nos fala de mudança de olhar para o que se está vivendo. Desejo bons fluídos para a sua mente e seu coração.

“Muda que, quando a gente muda,
o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente
e, quando a mente muda, a gente anda pra frente”